Pesquisas recentes do Ministério da Saúde indicam um aumento considerável da obesidade no Brasil. Segundo o levantamento, uma em cada cinco pessoas no País está acima do peso. A prevalência da obesidade passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. As pesquisas também revelaram que o crescimento da obesidade pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão.
A obesidade está em sexto lugar no grupo de fatores de risco causadores de doenças crônicas não transmissíveis. O excesso de peso é considerado um problema real de saúde pública, e a perda de peso tem sido uma preocupação comum na população. Diante desse cenário, tornam-se muito atraentes os métodos para perder peso rapidamente, ou seja, sem reduzir a ingestão de energia e sem aumentar o gasto de energia com práticas de atividade físicas.
Ao longo dos últimos anos foi crescente o surgimento de dietas populares para combater a obesidade. Embora muitas dessas dietas sejam eficazes na redução de peso em curto prazo, análises mais detalhadas de suas composições nutricionais mostraram que a maioria não alcança um adequado índice de alimentação saudável. O Índice de Alimentação Saudável (IAS) é um indicador da qualidade da dieta, desenvolvido de acordo com diretrizes alimentares norte-americanas.
Algumas das dietas populares mais famosas, como a dieta LEARN do Vigilantes do Peso e a dieta Revolução da Glicose do Dr. Atkins, foram avaliadas e apresentaram altos índices de alimentação saudável. Entretanto, essas dietas podem ser deficientes em micronutrientes; vitaminas e minerais, o que pode causar efeitos desfavoráveis à saúde do paciente.
Na maioria das dietas populares são feitas restrições na oferta de energia diária ou a restrição de um determinado macronutriente; carboidrato, proteína ou gordura. A restrição energética tem sua importância confirmada em diversos estudos. Pesquisas comprovam que a perda de pelo menos 5% do peso inicial é alcançada com dietas que propõem algum tipo de restrição no total de energia ingerida ao longo do dia, independentemente da composição de macronutrientes. Vale lembrar que a perda de 5% do peso inicial já é capaz de reduzir problemas cardiovasculares relacionados à presença da obesidade.
A opção de dieta com restrição de macronutrientes, por sua vez, demonstrou em estudos mais recentes a maior perda de peso corporal (após dois anos de dieta regular) quando comparada a uma dieta somente com restrição energética. Isso demonstra uma vantagem da dieta com restrição de carboidratos em relação às demais, sugerindo que talvez não seja necessária a restrição energética. Contudo, muitos indivíduos não conseguem seguir uma dieta Low Carb, possivelmente por conta de suas preferencias alimentares, e acabam abandonando o tratamento nos primeiros 6 meses. No processo de emagrecimento, independentemente do tipo de dieta prescrita, há uma associação direta entre a aderência à dieta e a perda de peso. Sendo assim, não se pode esperar resultados sem a prática continua e regular da dieta.
Em contrapartida às dietas populares, a comunidade cientifica vem se esforçando para encontrar a maneira mais coerente, saudável e prática para perda e manutenção do peso corporal. O fato de novas dietas ainda surgirem, tanto no meio acadêmico quanto em publicações não científicas, demonstra que ainda não está estabelecida qual a melhor estratégia dietoterápica para perda de peso. É possível que a redução do carboidrato possa surtir maior efeito do que apenas a restrição energética, entretanto a restrição energética é ainda a intervenção mais efetiva para a perda de peso.
É importante ressaltar que para alcançar melhores resultados de emagrecimento deve-se levar em consideração aspectos como aceitação, motivação, estratégias de acompanhamento, gostos e preferências pessoais em relação à escolha das dietas, além das características próprias de cada indivíduo. E lembre-se, fazer dieta sem acompanhamento de um especialista representa risco à saúde.
Referências:
Revisão sistemática de dietas de emagrecimento: papel dos componentes dietéticos. Jussara C. de Almeida, Ticiana C. Rodrigues, Flávia Morais Silva, Mirela J. de Azevedo. Jun/2009
Ministério da Saúde. Por Portal Brasil. Abr/2017. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/saude/2017/04/obesidade-cresce-60-em-dez-anos-no-brasil