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Postado 05/12/2016 às 15:09:56 por Farmacêutico | Active Pharmaceutica | Dr. Pedro Pinheiro
MELATONINA
Saiba tudo sobre o Hormônio do Sono

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, que é uma pequena glândula localizada na região central do cérebro, no meio dos dois hemisférios cerebrais. A melatonina age sobretudo no próprio cérebro, sendo responsável pelo controle dos ciclos de sono e vigília.

À noite, quando está escuro, a produção de melatonina aumenta, induzindo o cérebro a sentir sono. Durante o dia, quando está claro, a secreção de melatonina reduz-se, fazendo com que fiquemos mais despertos. A simples exposição à luz durante a noite ou ao escuro durante o dia pode alterar o ritmo de produção da melatonina, motivo pelo qual esse hormônio ganhou a singela alcunha de “hormônio Drácula”.

 

COMO FUNCIONA A MELATONINA NATURAL

A melatonina é responsável pelo controle do ritmo circadiano do nosso organismo. O ritmo circadiano é o nosso relógio interno de 24 horas, que determina o ritmo dos processos biológicos do nosso organismo ao longo de um dia inteiro (controla, entre outros, a temperatura corporal, a secreção de hormônios e a pressão arterial). O ritmo circadiano desempenha um papel crítico na definição de quando vamos adormecer e quando vamos acordar.

A produção de melatonina começa a se elevar ao entardecer, atingindo o seu pico entre as 23h e as 3h da manhã. Após o pico, os níveis de melatonina caem rapidamente, preparando o organismo para acordar no início da manhã. Ao redor das 8h-9h da manhã, os níveis de melatonina encontram-se no seu valor mínimo e assim permanecerão até o início da tarde.

É sempre importante destacar que a melatonina tem um importante papel no controle do ciclo sono-vigília, mas não é o único fator que controla o momento no qual sentimos sono. Nem todo mundo com insônia tem deficiência de melatonina.

A melatonina é produzida a partir do triptofano, um aminoácido presente em diversos alimentos, tais como laticínios, carnes, amendoim, ovos, ervilha, etc. Não há evidências científicas, porém, de que o consumo de alimentos ricos em triptofano aumente os níveis sanguíneos de melatonina ou que ajudem no tratamento da insônia. Da mesma forma, o consumo de alimentos ricos em melatonina, como vinho, frutas, cereais e azeite, também não apresenta evidências sólidas de que possa ser útil na indução do sono.

 

SITUAÇÕES QUE PODEM INTERFERIR COM A PRODUÇÃO NATURAL DE MELATONINA

Diversas situações podem interferir no ciclo natural da melatonina, incluindo trabalho noturno, jet lag, idade avançada, exposição frequente à luz artificial durante a noite, problemas de visão, etc.

Vamos explicar sucintamente algumas dessas situações:

1- Idade

A secreção de melatonina pela glândula pineal varia significativamente com a idade. No ser humano, a melatonina começa a ser secretada ao redor do 4º mês de vida, coincidindo com a consolidação do sono no período da noite. A partir desta idade, a capacidade de secreção noturna de melatonina aumenta rapidamente, atingindo um pico entre as idades de 1 e 3 anos. A partir de então, a produção desce ligeiramente, estabilizando-se num patamar que persiste durante toda a vida adulta.

Conforme envelhecemos, a secreção noturna de melatonina começa a sofrer um declínio. Uma pessoa de 70 anos, apresenta níveis noturnos de melatonina cerca de 75% mais baixos que durante sua juventude. Esta queda costuma ocorrer pela calcificação progressiva da glândula pineal, que vai tornando-se cada vez menos capaz de secretar o hormônio.

2- Influência da luz

A secreção noturna de melatonina pode ser inibida pela exposição à luz durante a noite, mesmo em pequena intensidade, principalmente se as pupilas estiverem dilatadas.

Estudos mostram que o comprimimento de onda entre 446 e 447 nm, que é percebido por nós como luz azul, é o tipo de luz que mais suprime a secreção de melatonina. Esse comprimento de onda de luz é muito comum nas luzes LED e nos aparelhos eletrônicos, tais como e-books, tablets, computadores, smartphones, etc.

Por conta desse fato, muitas pessoas têm adquirido óculos com lentes de coloração laranja, que ajudam a bloquear a luz azul, reduzindo, assim, o efeito inibitório das luzes artificias sobre a secreção noturna de melatonina. Apesar de ser uma solução aceitável, as lentes laranjas bloqueiam também outros comprimentos de onda, que não só o azul, tornando-se um pouco desconfortáveis para serem usados em ambientes com baixa iluminação. Uma alternativa mais cara, porém mais efetiva, é adquirir óculos com lentes que filtram exclusivamente os comprimentos de onda azul, que têm maior ação sobre a secreção da melatonina.

Uma opção também eficaz é comprar luzes de cor vermelha para iluminação noturna, pois o vermelho faz parte do comprimento de onda que parece ser o que menos inibe a produção de melatonina. Todavia, assim como os óculos laranjas, não é muito confortável usar luzes vermelhas como fonte de iluminação noturna.

3- Medicamentos

Alguns fármacos e substâncias podem inibir a produção da melatonina. O mais conhecido é o propranolol, que é um medicamento da classe dos beta-bloqueadores, muito usado para o tratamento da hipertensão e de problemas cardíacos. A cafeína e o álcool também são substâncias que interferem com a secreção da melatonina.

4- Cegueira

Pessoas cegas que não conseguem detectar a presença da luz do dia podem ter uma produção de melatonina desregulada. Quanto mais grave é a deficiência visual, maior é o risco de transtornos do sono.

 

MELATONINA SINTÉTICA

A melatonina sintética, ou seja, a melatonina artificial criada em laboratórios, foi desenvolvida como uma potencial forma de tratar a insônia, servindo como alternativa mais econômica e com menos efeitos colaterais que os medicamentos habitualmente utilizados para esse fim.

Assim como a melatonina natural, a melatonina vendida comercialmente apresenta dois efeitos: ajuda na indução do sono e na sua manutenção durante a noite. A melatonina também serve para regularizar o sono nos trabalhadores noturnos, que precisam dormir de dia.

 

Fonte: Dr. Pedro Pinheiro | Homepage: http://www.mdsaude.com/2016/09/melatonina.html